quinta-feira, 26 de abril de 2012

O Trem Fantasma


Ta aí. Meu brinquedo preferido em parque de diversões desde que me conheço por gente. E até hoje, se vou em um parque preciso conhecer o trem fantasma dele. Mas não tenho como negar que me decepciono cada vez mais com a estrutura. Enquanto os brinquedos radicais evoluem de maneira vertiginosa, o trem fantasma fica em segundo plano, lembrando aqueles parques pequenos de antigamente, em que a gente comida algodão doce e o máximo de aventura que tinha era uma roda gigante meio capenga, enferrujada, que dava era medo de cair. 


Aí fiquei pensando, será que o Trem Fantasma ficou pra trás junto com a nossa inocência? É, por que no mundo de hoje o que realmente pode assustar alguém? Se a "elevador" fica cada vez mais alto, a montanha-russa mais cheia de "loopings", o que faria uma pessoa sair com medo do trem fantasma?

Esses dias fui ao Beto Carrero. No lugar do antigo trem fantasma apenas tapumes e o que promete ser uma nova atração. Uma moça andava pelo parque anunciando a atração do terror nova do parque. Fui conferir. Pra começar, nada de trem: na casa você vai andando e guiando seus passos na velocidade que deseja. E foi aí que começou a acabar a graça. A meu ver, uma das partes mais legais era justamente o trem em alta velocidade, forçando as curvas, nos deixando impossibilitados de parar, voltar ou não dar de cara na parede. Era como se ele nos levasse diretamente aos demônios, e ali, em cima do laço, dava uma volta daquelas emocionantes e nos tirava do perigo. Era quase um mocinho. Mas era bandido também.

Enquanto estávamos andando pela casa, que tinha cenários diferentes - como um necrotério, vez ou outra um ator fantasiado e maquiado passava correndo pra assustar alguém. Mas não assustava. Essa certeza de que ninguém vai encostar em você, e que você pode sair dali quando quiser é que acaba com a graça do brinquedo.
Sai meio do jeito que entrei, sem graça, sem gosto.

Se nós fizéssemos assim: um labirinto. Um labirinto grande e escuro. Aí é você e você mesmo. E ali, sem saber o que poderia encontrar no caminho, você se confrontaria com os seus próprios medos. E você me pergunta, mas só isso? E os monstros? E eu te respondo: quer adrenalina maior que os seus próprios demônios? 

Camila Galvão

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