Ta aí. Meu brinquedo preferido em parque
de diversões desde que me conheço por gente. E até hoje, se vou em um parque
preciso conhecer o trem fantasma dele. Mas não tenho como negar que me
decepciono cada vez mais com a estrutura. Enquanto os brinquedos radicais
evoluem de maneira vertiginosa, o trem fantasma fica em segundo plano,
lembrando aqueles parques pequenos de antigamente, em que a gente comida
algodão doce e o máximo de aventura que tinha era uma roda gigante meio
capenga, enferrujada, que dava era medo de cair.
Aí fiquei
pensando, será que o Trem Fantasma ficou pra trás junto com a nossa inocência?
É, por que no mundo de hoje o que realmente pode assustar alguém? Se a
"elevador" fica cada vez mais alto, a montanha-russa mais cheia de
"loopings", o que faria uma pessoa sair com medo do trem fantasma?
Esses dias fui ao
Beto Carrero. No lugar do antigo trem fantasma apenas tapumes e o que promete
ser uma nova atração. Uma moça andava pelo parque anunciando a atração do
terror nova do parque. Fui conferir. Pra começar, nada de trem: na casa você
vai andando e guiando seus passos na velocidade que deseja. E foi aí que
começou a acabar a graça. A meu ver, uma das partes mais legais era justamente
o trem em alta velocidade, forçando as curvas, nos deixando impossibilitados de
parar, voltar ou não dar de cara na parede. Era como se ele nos levasse
diretamente aos demônios, e ali, em cima do laço, dava uma volta daquelas
emocionantes e nos tirava do perigo. Era quase um mocinho. Mas era bandido
também.
Enquanto estávamos andando
pela casa, que tinha cenários diferentes - como um necrotério, vez ou outra um
ator fantasiado e maquiado passava correndo pra assustar alguém. Mas não
assustava. Essa certeza de que ninguém vai encostar em você, e que você pode
sair dali quando quiser é que acaba com a graça do brinquedo.
Sai meio do jeito
que entrei, sem graça, sem gosto.
Se nós fizéssemos assim: um
labirinto. Um labirinto grande e escuro. Aí é você e você mesmo. E ali, sem
saber o que poderia encontrar no caminho, você se confrontaria com os seus
próprios medos. E você me pergunta, mas só isso? E os monstros? E eu te respondo:
quer adrenalina maior que os seus próprios demônios?
Camila Galvão
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